Precisamos falar sobre PEDOFILIA!

Falamos de fraldas, berços, dentes, mamadeiras, assaduras, escolas e por aí vai mas porquê não falar de um tema tão sério e útil como esse?

Quando eu tinha 9 anos fui para uma vila no interior do Pará chamada Ajuruteua passar as férias com meu pai, a namorada dele e meus irmãos, alugamos uma pousada perto da praia e nos instalamos, lá pela noitinha fomos jantar em um restaurante bem humilde perto da pousada onde um senhor era o dono, ele ficou um bom tempo conversando conosco, elogiou a mim e a minha irmã, fidelizou meu pai como amigo, enquanto jantávamos chegou uma menina de mais ou menos 12 anos, meio maltrapilha, bem suja, acredito que era moradora de rua, até me assustei quando ela entrou, estávamos sentados na mesa de trás próximo à porta e ela foi direto com esse homem dono do estabelecimento, eu não consegui tirar os olhos dela, ela trocou algumas palavras com ele e deu pra perceber que ela tinha ficado meio angustiada, achei estranho mas tudo bem, ela sentou na mesa da frente bem perto da tv e não demorou nenhum minuto e o velho levou um pastel na mesa dela e sentou do lado, o tempo todo que ela ficou lá ele ficou apalpando os seios que ela quase não tinha com a mão dentro da blusa dela, eu lembro de ter ficar apavorada, olhava pra ela fixamente tentando entender o porquê que ela não reagia, porque ela não gritava, porque ela não fazia nada, porque ela deixou ele abusar dela tão facilmente? Eu era muito nova mas sabia o que era pedofilia, na época não entendia o motivo mas hoje entendo que o olhar vidrado dela para a televisão era pra tentar fracassadamente esquecer que estava sendo violentada e esquecer que sua fome naquela hora valia muito mais do que sua dignidade.

No outro dia lembro do meu pai ter ido pra praia cedo e ter deixado nossos cafés nesse mesmo lugar pago, quando fui com minha irmã comer fiquei apavorada só de olhar pra cara dele, afinal eu estava de biquíni, tive medo, achei que ele poderia fazer o mesmo que fez com a pobre garota na noite anterior, acho que nunca comi com tanta pressa como naquele dia. É difícil de entrar na cabeça de uma criança o porque aquilo tinha acontecido, eu só ficava pensando como ele fazia aquilo, se fazia com outras meninas,o motivo e porquê as pessoas viam, sabiam e não faziam nada a respeito, lembro que passei uns 3 anos com essa viva cena na minha cabeça, foi meu primeiro encontro com a maldade e a pedofilia de um homem, foi nesse dia que eu descobri que não existiam homens confiáveis. 

O resto da semana que fiquei lá não encontrei mas essa menina e muitos anos depois com o amadurecer eu fui descobrindo aos poucos que a pedofilia e a exploração sexual não são casos isolados, são mais comum do que imaginamos, e os interiores do nosso estado são campeões nesse quesito, crianças ribeirinhas sobem em barcos para serem abusadas e voltam com sacos de arroz, farinha e feijão, esse tipo de crime acontece porque a população aceita e trata com normalidade, NÃO, NÃO É NORMAL, se você for colocar na mesa dá até pra analisar o porquê isso acontece, é só analisar a situação sócio-econômica do país, geralmente as meninas aliciadas são as de baixa renda e muita das vezes que se veem como chefes de família e não vem outro caminho a não ser se iludir com a falsa promessa de melhoria de vida que na hora não tem nada de bom, meninas são transportadas de interior pra interior até chegar na fronteira e serem despachadas para Espanha, Holanda, Suriname e etc, isso quando não são simplesmente sequestradas e roubadas de suas famílias para o mesmo e triste fim.

Bom, a priore era falar sobre pedofilia mas fui levando sobre exploração sexual que é tema do próximo post, mas voltando ao assunto, onde eu quero chegar com tudo isso?
Disse anteriormente que com 9 anos foi meu primeiro contato com a pedofilia, mas o literalmente, roubando a campanha lançada há alguns dias, meu #primeiroassedio foi aos 10 anos quando vesti uma saia da minha irmã mais velha que era um pouco justa pra ir no comércio do canto da rua e fui chamada de GOSTOSA pelo velho dono da mercearia que era amigo da minha família, fiquei assustada, envergonhada e me sentindo culpada por estar usando uma roupa justa e talvez ter provocado esse assédio, o que eu quero deixar claro é que a maioria das violências não vem de desconhecidos, NUNCA FUI ESTUPRADA, mas já fui assediada e recebi propostas indecentes como várias outras mulheres e sim pasmem, a maioria na infância, agora como mãe que resolvi falar sobre isso e alarmar o quão o número de estupro à crianças só crescem todo ano e o que podemos fazer pra proteger nossos filhos.



COMO RECONHECER UM PEDÓFILO:




  • Pedófilos não tem perfil, podem ser brancos, negros, homossexuais, heterossexuais, pobres, ricos e etc, todo adulto pode ser um pedófilo.
  • Muitos pedófilos tem um histórico de abuso no passado e alguns demonstram problemas mentais como mudanças de humor ou de personalidade.
  • Maioria dos pedófilos tentam achar empregos que tenham bastante contato com crianças como professores, monitores e etc, geralmente eles se dizem apaixonados por crianças, se dizem amigos deles, insinuando para os pais sempre uma grande amizade com a criança.
  • Pedófilos se infiltram na família para criar confiança, ás vezes ficam anos conquistando essa confiança para atingir seu alvo.
  • Pedófilos procuram famílias "desestruturadas" onde há pais solteiros que não dão muita atenção para a criança e ele tenta preencher esse vazio com uma falsa atenção, 
  • Pedófilos sempre se compadece dos problemas dos pais se tornando confidente e até se oferece para cuidar das crianças para dar um tempo aos pais.
  • Pedófilos sempre buscam algum jeito de ficar a sós com a criança seja levando ela para passear ou ficar de babá como citei acima, desconfie se alguém mostrar muito interesse em seus filhos.
COMO PROTEGER NOSSOS FILHOS:


  • Nunca deixe seus filhos com desconhecidos, amigos e familiares distantes, tente estar sempre presente.
  • Tente o máximo possível estar nas reuniões escolares, festinhas e etc, às vezes o autor pode ser um pai de um coleguinha que fica à espreita pra ver se a criança tem uma estrutura familiar.
  • Coloque câmeras em sua casa.
  • Converse com seu filho sobre o perigo da Internet e o ensine a usar de modo saudável e o monitore SEMPRE.
  • Converse muito com o seu filho, lhe deixando claro que sempre vai lhe ajudar e protege-lo, que ele pode contar com você pra tudo, faça de você o porto seguro dele, esse papel é dos pais, não dê brecha para que ninguém tente adquirir essa confiança.
  • Ensine seu filho sobre toques ruins, que existem partes que ninguém pode tocar como as partes íntimas e que se isso acontecer ou houver tentativa que a criança resista dizendo NÃO bem firme e lhe conte o mais rápido possível.
  • Acredite SEMPRE nos seus filhos, crianças não mentem e não tem tanta fertilidade a ponto de inventarem um falso abuso, esteja sempre disponível para seu filho e crie um diálogo aberto.
  • A coisa mais importante que você pode fazer para proteger o seu filho é conversar e prestar atenção nele, e lembre-se que se você não prestar atenção nele outra pessoa fará isso.

E o mais importante de tudo, não se cale, pode não acontecer com seus filhos, mas os gritos da Marianinha do outro prédio não podem ser só de pesadelos noturnos, vamos cuidar e proteger as nossas crianças, DISQUE 100.

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