Antes de começar a declarar minha opinião sobre tema queria apenas falar isso: 850 mil !
Por ano no Brasil 850 mil abortos
clandestinos são realizados, a maioria da pior forma possível e sem qualquer
assistência médica e PIOR regada de julgamentos, violências e negligências. Quando
se fala em aborto as pessoas imaginam uma “mãe ruim” assassinando um bebê
esteticamente grande, gordinho e coradinho, não é bem assim, vamos retirar um
pouco a magia da maternidade que nem todos enxergam e falar apenas dos fatos, o
aborto é a interrupção de uma concepção indesejada, ou seja, na maioria dos
casos o aborto é realizado nas primeiras semanas e cientificamente está
comprovado que até a 9º semana ainda é embrião, não tem como o considerar feto
ainda, portanto o embrião não sente nada, muito menos dor, chegou a hora de
parar de personificar o embrião, chega de colocar a opinião e o bem estar da
mulher pra escanteio!
As pessoas que se dizem contra o
aborto sempre se intitulam pró-vida, mas que hipocrisia barata é essa que
defende e se importa mais com uma futura vida do que com a que já está presente
está sofrendo? Vejo tantas pessoas se intrometendo no útero alheio e querendo
OBRIGAR as mulheres a darem a luz a filhos indesejados porque são futuros bebê
que tem direito à vida, mas confesso que nunca vi nenhum deles lutando á favor
das crianças que estão abandonadas nos abrigos ou que moram em lares
inabitáveis e sofrem violências inimagináveis diariamente, quer dizer que eles
só se importam com o ser enquanto está na barriga? Pra mim quem é pró-vida tem
que ser favor da vida em qualquer estágio independente da cor e da classe
social, principalmente da mulher fragilizada que não encontrou alternativa a
não ser o aborto.
Ninguém sabe o que passamos o que
vivemos e o que sentimos então como uma pessoa desconhecida pode apontar o dedo
no nosso rosto e nos crucificar por não querer ter um filho que não foi
planejado? Já disse isso
várias vezes em outros posts,
toda mulher pode ter filho, mas tem toda mulher tem o dom de ser mãe, filho é
pra sempre, os cuidados e os gastos também, portanto existem casos e casos, mulheres
que não possuem condições (quem é mãe sabe que a pior dor é não poder dar
alguma coisa pro seu filho, não ter dinheiro, não tem coisa pior) não tem jeito
com crianças ou não se veem como educadoras, afinal filho é responsabilidade
nossa, o que ele irá ser na vida adulta depende da nossa educação então se você
não pode repassar e não sabe o que significa valores e princípios morais é
melhor nem pensar em ter filhos mesmo. Cada mulher tem seu motivo e eu não me
acho no direito de julgá-las por isso, o corpo é nosso e só nós mulheres
podemos decidir isso porque a responsabilidade da maternidade é sempre nossa, abortar
nunca é fácil, nenhuma mulher sente prazer em fazer isso mas infelizmente ele
continua sendo a primeira opção para muitas mulheres, prefiro sim que elas
abortem enquanto estão no útero do que abortem com 2, 6, 9, 13 anos por maus tratos e
outros horrores que muitas crianças são submetidas, porque afinal serão crianças
indesejadas e na maioria das vezes não serão amadas.
“Ah, mas
existem tantos métodos para não engravidar hoje em dia que só engravida quem
quer”
Essa frase é a que eu mais escuto quando eu
falo que sou a favor do aborto, típico de quem não tem conteúdo e o menor
conhecimento sobre o tema! Primeiramente, camisinhas estouram, pílulas
anticoncepcionais e do dia seguinte falham assim como os anticoncepcionais
injetáveis, sem falar que o acesso a métodos contraceptivos ainda são muito
precários, em pleno século XXI faltam preservativos nos postos de saúde. Hoje é
aceito a realização do aborto em apenas três casos: estupro, feto acéfalo e
quando há risco de vida para a mãe, para outros casos o aborto é considerado
crime, mas deixa eu te falar uma coisa, criminalizar o aborto não faz com que
ele pare de existir só faz com que o número de mulheres que o provocam e venham
ao óbito aumente, é como o tráfico, alguém sempre vai lucrar em cima e nesse
caso são os açougueiros e as clínicas clandestinas, o aborto é a segunda maior
emergência ginecológica dos hospitais brasileiros, de 850 mil mulheres que
abortam 200 mil morrem ou ficam com sequelas do procedimento, o aborto é sim um
caso de urgência pública, afinal 80% dessas mulheres são de classe baixa e não
tem o mesmo cacife que uma mulher de classe média alta tem para pagar uma clínica
limpa que cobra 2 mil reais tais mulheres apelam para métodos perigosos,
inseguros, baratos e desumanos como pílulas de tratamento à gastrite que é o
caso do Cytotec onde a mulher tem que introduzir as pílulas no canal vaginal,
chás abortivos que provocam sangramentos horrendos e imediatos, ou até procedimentos
artesanais piores como um caso que vi a pouco tempo no youtube de uma senhora
de 71 anos foi presa por fazer abortos com sondas.. SONDAS! Várias sondas eram introduzidas nos úteros
das mulheres que provocava a morte do embrião lentamente, só quem já teve uma sonda
introduzida em seu corpo sabe o quão é ruim.
O pós aborto
Deu pra ter noção do quão
maléfico o aborto clandestino é pra quem não tem recursos para realizar um
aborto seguro? Como se não bastasse à dor de um aborto, muitas mulheres têm
complicações após o ato e precisam de ajuda médica e vão pra onde? Para o SUS e
sim, posso afirmar porque não tenho apenas um relato, tenho 24 relatos de
mulheres que precisaram recorrer ao SUS e sofreram violências físicas e
psicológicas na sala de emergência quando lhes é revelado que o aborto foi
provocado essas mulheres são chamadas de assassinas, irresponsáveis e não
possuem atendimentos dignos e lhes é até negado uma dose de anestesia, como um
ser humano pode fazer isso? Imagine a dor dessas mulheres e o trauma que elas
levam pra vida toda, são atos inadmissíveis, mulheres sendo tratadas como
animais, minha luta pela descriminalização do aborto é para que essas mulheres
que abortam tenham uma assistência de qualidade e possam realizar um aborto de
forma segura, porque sim mulheres abortam todo dia e não vão parar de abortar
se a legalização acontecer, só vão desaparecer das estatísticas de óbitos.
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